Porque é que os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com Cuba?

Harold Jones 18-10-2023
Harold Jones

Em 3 de janeiro de 1961, o presidente americano Dwight D. Eisenhower fechou a embaixada americana em Havana e cortou os laços diplomáticos com a nação comunista de Castro. No auge da Guerra Fria, tal movimento foi sinistro e pressagiou eventos como a Crise dos Mísseis Cubanos e a invasão da Baía dos Porcos. Os dois países só normalizaram as relações diplomáticas em julho de 2015.

A ameaça do comunismo

Depois do importante papel da URSS na vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, o comunismo parecia ser uma alternativa genuína ao capitalismo, particularmente para os países do mundo em desenvolvimento ansiosos por evitar o que era visto como imperialismo americano de mão pesada.

Durante as décadas de 1950 e 1960, a possibilidade de que a tensão entre os EUA e a União Soviética pudesse ferver numa guerra nuclear apocalíptica estava muito viva. Dadas estas circunstâncias, a revolução de Fidel Castro em Cuba, em 1959, era um grave perigo para os EUA, especialmente dada a proximidade da nação da ilha com o solo americano.

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Castro havia desembarcado em Cuba em 1956 e, embora suas chances contra o ditador de linha dura Fulgencio Batista parecessem inicialmente escassas, ele chocou o mundo ao ganhar vitória após vitória nos três anos seguintes.

A aquisição de Cuba por Castro fez manchetes em todo o mundo. Crédito: Revista TIME

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Inspirado pelo sucesso da União Soviética, Castro começou a converter sua nova nação em um Estado comunista. Já preocupado, o governo americano teve então que suportar a notícia de Cuba desenvolver laços cada vez mais estreitos com a URSS de Khrushchev. Um artigo contemporâneo em TEMPO revista descrita no início de 1960 como uma época em que "as relações cubano-americanas atingem um novo mínimo a cada dia".

O início das sanções

Entendendo que seu peso econômico seria crucial, os primeiros passos concretos dados pelo governo norte-americano tomaram a forma de um embargo comercial a Cuba, para o qual os EUA representavam seu mercado de exportação dominante.

Com a ameaça de conflito sempre presente, começaram a espalhar-se em Cuba rumores de que os EUA estavam a considerar a possibilidade de desembarcar tropas e tentar expulsar Castro.

O Presidente Eisenhower supervisionou a resposta dos EUA à ascensão de Castro ao poder. Crédito: Biblioteca Eisenhower

A embaixada dos EUA em Havana tornou-se o ponto focal do aumento da temperatura política, já que dezenas de milhares de pessoas faziam fila lá fora em busca de vistos para fugir para o exterior. Essas cenas foram uma vergonha para Castro, e a situação havia degenerado a tal ponto que TEMPO relatou que "a diplomacia entre as duas nações tornou-se tão difícil como o comércio".

Corte de gravatas

No início de 1961 as filas da embaixada continuaram, e Castro estava cada vez mais desconfiado. Convencido de que a embaixada estava com excesso de pessoal e abrigando espiões, Castro abriu comunicações com Eisenhower e exigiu que a embaixada reduzisse seu pessoal para 11, o mesmo número que a embaixada cubana em Washington.

Em reacção, e com mais de 50.000 pedidos de visto ainda por processar, a Embaixada dos Estados Unidos fechou as suas portas no dia 3 de Janeiro. As relações diplomáticas formais entre as duas nações vizinhas não seriam renovadas durante mais de 50 anos e, embora a catástrofe global acabasse por ser evitada, o povo de Cuba continua a sofrer.

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Harold Jones é um escritor e historiador experiente, apaixonado por explorar as ricas histórias que moldaram nosso mundo. Com mais de uma década de experiência em jornalismo, ele tem um olhar apurado para os detalhes e um verdadeiro talento para dar vida ao passado. Tendo viajado extensivamente e trabalhado com os principais museus e instituições culturais, Harold se dedica a desenterrar as histórias mais fascinantes da história e compartilhá-las com o mundo. Por meio de seu trabalho, ele espera inspirar o amor pelo aprendizado e uma compreensão mais profunda das pessoas e eventos que moldaram nosso mundo. Quando não está ocupado pesquisando e escrevendo, Harold gosta de caminhar, tocar violão e passar o tempo com sua família.